Por que padronizar trabalhos acadêmicos?
- Bruna Oliveira
- 5 de mar. de 2016
- 3 min de leitura
Os trabalhos acadêmicos – projetos de pesquisa, TCCs, monografias, teses e dissertações – possuem quase a mesma formatação gráfica e estrutura de conteúdo, pois formam o grupo de gêneros textuais acadêmicos.
Ok Bruna, mas… o que é um gênero?
Segundo a interpretação de Souza e Bassetto (2013) sobre a definição apresentada por Swales (1990) e Figueiredo e Bonini (2006), gênero textual é um evento comunicativo de “estrutura esquemática e propósito(s) comunicativo(s) reconhecidos pelos membros mais experientes destas [comunidades discursivas]” (p. 85).
Dessa forma, compreende-se como gêneros textuais acadêmicos, aqueles praticados em comunidades acadêmicas com propósitos em comum como divulgar pesquisas, revisar de bibliografia de certo assunto e apontamentos de soluções.
De acordo com Prestes (2009) e Melo et al (2012), os benefícios da normalização específica para trabalhos acadêmicos são muitos. Eles estão representados, resumidamente, no esquema a abaixo:

Compreende-se, então, que a normalização de trabalhos acadêmicos ajuda tanto sua comunicação e credibilidade, quanto os processos que envolvem sua produção e documentação.
Uma das características principais do gênero acadêmico é socializar o conhecimento adquirido pelo autor; a normalização torna possível facilitar o resgate desse conhecimento através de uma documentação específica, que torna-se de fácil e rápido acesso para quem sabe lê-la. Desse modo, a circulação de informações é garantida já que o acesso também o é, maximizando a utilização deste gênero como ampla forma de documentação de conhecimento. O gênero é garantido segundo sua estrutura que, por sua vez, também maximiza a utilização, por exemplo: quando um pesquisador busca uma bibliografia específica, não é necessário que ele leia uma tese inteira, pois o essencial para a identificação de sua usabilidade está na introdução, conclusão e referências bibliográficas, só depois de selecionada dentre estes textos, o pesquisador irá ler a tese inteira. Por ser um gênero que inclui processos específicos para sua produção, o gênero acadêmico garante veracidade e segurança de suas informações ao se apoiar em autores já consagrados na literatura ou em autores que se dedicam a estes e ao seguir normas redacionais estritas ao discurso acadêmicos contribuindo para sua credibilidade e qualidade.
No Brasil, os gêneros acadêmicos são normalizados pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT); no site oficial, os objetivos da normalização no geral (incluindo tudo o que envolve a ABNT) são apresentados em uma figura:

Fonte: ABNT, s/d.
Então… Por que tenho tanta dificuldade em fazer isso?
Souza e Bassetto (2013 p. 88-89) afirmam que, primeiramente, é preciso que o autor domine o discurso acadêmico para então produzir o gênero acadêmico que lhe convém, porém muitos dos acadêmicos não são preparados para isso já que os cursos de graduação ainda hoje possuem déficits sendo insuficientes quanto a disciplinas que abordem a vida acadêmica e seus discursos orais e textuais.
Esse assunto será tratado e aprofundado numa postagem futura ;)
Ou seja…?!
A normalização de trabalhos acadêmicos é imprescindível para garantir credibilidade, usabilidade e caracterização como um gênero verdadeiro, porém também é indispensável que os ingressantes neste no mundo universitário tenham o apoio necessário para a realização de suas pesquisas durante o curso e carreira escolhidos.
Da mesma forma que uma formatação padrão/fixa garante qualidade e orientação em pesquisas, ela também pode parecer insuficiente às novas ideias e horizontes. Acredito que ideias podem ser adaptáveis e executadas dentro de um contexto específico e que as normas desse contexto são flexíveis e mudam junto com quem o molda.
Sugiro, como acadêmica participante da realidade universitária brasileira, que os cursos de graduação incluam disciplinas referentes à língua portuguesa e redação de gêneros específicos (principalmente o acadêmico e discursos argumentativos) e sugiro, também, que alunos não se intimidem ao desconhecido e o moldem segundo suas expectativas.
Sua ideia pode ser esclarecida e distribuída em introdução, textos de desenvolvimento e conclusão, assim como pode ser ampliada ao ler autores que combinem com ela.
O gênero acadêmico não é ruim, só precisa saber usá-lo!
Fontes citadas:
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